terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sobre Palavrões




Olha, eu já estava há algum tempo querendo  escrever sobre esse assunto. Pensei com meus botões: escrevo, não escrevo, é relevante ou não é? Eis a questão! Resolvi finalmente escrever o que penso a respeito de palavrões. Obviamente não espero que todos concordem comigo. Ora, se nem Jesus conseguiu fazer com que todos concordassem com Ele, então quem sou eu para esperar unanimidade? Mas podemos combinar o seguinte: se você não concordar, não vá “xingar” lá no Twitter ou no Facebook. Estou falando de boa. Fica por aqui, senta aí, vamos tomar um café e dialogar (e não discutir) sobre o assunto. Se você tiver algo para contribuir, então compartilhe seu conhecimento conosco.

Bem…quero começar lááá desde quando éramos criancinhas. Sempre ouvimos dizer que não é educado falar palavrão – pelo menos até onde me lembro. Os pais evitam – pelo menos até onde me lembro – falar palavrões na presença dos filhos pequenos, mas o fazem quando os filhos não estão ouvindo. Os pais evitam – pelo menos até onde me lembro – brigar na frente dos filhos, mas o fazem quando os filhos não estão presentes ou estão dormindo. Suponho que pais assim ajam dessa forma por acharem que seus filhos ainda não têm idade o suficiente para entender que certos tipos de atitudes não são corretas. A motivação, neste caso, é irrelevante. Eu ouso comparar a atitude desses pais com as atitudes de crentes que usam um vocabulário quando estão no “ambiente religioso”, mas falam e agem de outro jeito quando estão fora do “circulo espiritual”. Em ambos os casos, tanto dos pais quanto dos crentes, existe a hipocrisia. E hipocrisia é hipocrisia, não importa o meio, nem como, nem onde ou quem. Eu sei, vocês sabem, Deus sabe, Jesus sabe perfeitamente que todos nós (inclusive eu) somos hipócritas, em um aspecto ou outro somos hipócritas, ou seja, agimos como atores.  E não há como negar essa condição, mas há como fugir dela.

Eu penso que para o crente não deve haver essa divisão entre vida espiritual e não espiritual, cristã e não cristã. Somos seres espirituais e, portanto, a nossa vida toda, onde quer que estejamos, deve ser espiritual. Embora tropecemos, pisemos na bola e tudo mais, a nossa vida é uma só, devemos ao máximo manter isso vivo em nossas mentes. Deus não nos criou com uma chave espiritual de liga e desliga. No mais, como dizia Teilhard de Chardin: não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana. Sendo assim, com base em tudo que falei até aqui, se alguém ainda achar que é licito ao cristão usar palavrões em suas falas, então creio que possamos usá-los também em nossas pregações, liturgia e louvores. Certo…isso tudo é o que eu penso, é a minha opinião. Mas, o que a Bíblia, que é base da fé cristã, tem a falar sobre isso? Ela nos dá várias pistas sobre o uso das palavras e como devemos proceder no modo como falamos: Mateus 12.34 – Efésios 4.29; 5.1-4 – Tiago 3.10-11, dentre outras. Caso  eu esteja usando essas passagens indevidamente, por favor, me corrijam. Qualquer crente que se preza conhece estas e outras passagens, pois elas não são nenhuma novidade. Eu honestamente não tenho certeza se na época de Jesus (ou até antes ou depois dEle) haviam palavrões. O que é possível saber é que certamente havia malícia, obscenidade, lascívia, exatamente como nos dias de hoje. Atualmente os palavrões, que são carregados de todas essas coisas, aquilo que antes era tido como obsceno e feio, agora é um traço cultural e está virando algo normal. O problema é que a Igreja de Cristo tem absorvido muita coisa cultural em nome de uma aproximação de uma geração que não quer saber de Deus. A meu ver, isso é um grande erro. O Evangelho só precisa ser pregado e, muito mais do que isso, precisa ser vivido na sua essência, e a partir disso não precisamos de nenhum subterfugio. Por outro lado há também um grande erro ao pensar que ir ao culto, cantar louvores e tentar não falar palavrão, ou seja, uma vida religiosa regrada, seja o bastante. A obra de Cristo naquela cruz não foi para que resumíssemos a nossa vida numa religiosidade medíocre.

É bem verdade que Jesus andava em meio às prostitutas, auditores fiscais corruptos, adúlteros e toda sorte de pessoas marginalizadas pela sociedade. Mas não encontramos nenhuma evidência de que Jesus viveu como essas pessoas. Por onde Jesus andava havia transformação porque Ele simplesmente amou, e o amor de Cristo constrange a ponto de fazer alguém mudar de vida.

É bem verdade também que o nosso Deus nos salva unicamente pela graça, não há nada que possamos fazer para merecer a salvação. Porém, devemos nos atentar ao fato de que a graça de Deus é o oposto de merecimento, e isso não quer dizer que estamos isentos de responsabilidades.

Assim, nós que nos declaramos cristãos, ou seja, “pequenos cristos”, professamos uma fé que reivindica ser a única e verdadeira por meio de Jesus (em quem não houve pecado), temos uma grande responsabilidade quando representamos nosso Deus.

A nossa vida como um todo, seja em palavras ou em ações, representam (ou pelo menos deveriam representar) o Deus no qual cremos. E Deus não é um camaradinha, não é um carinha descolado, não é cool. Que não percamos o temor pelo que é Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário